Quando as florestas queimam, os incêndios produzem muita fumaça. E essa fumaça geralmente contém fuligem, também chamada de “carbono preto”. As partículas de carbono preto são aerossóis que absorvem a radiação e, como tal, podem aquecer a atmosfera e o clima da Terra. Mas ainda temos muito que aprender sobre aerossóis, suas propriedades e distribuição na atmosfera. Como por exemplo a questão de como o carbono preto emitido pela queima de biomassa na África (ou seja, florestas, pradarias, savanas etc.) é transportado através do Atlântico e para a bacia amazônica e qual é o seu papel lá. Bruna Holanda e coautores abordaram o assunto combinando dados do nordeste da Amazônia coletados pela aeronave de pesquisa HALO durante a campanha ACRIDICON-CHUVA em setembro de 2014, com dados de longo prazo do ATTO.
Da HALO, os pesquisadores viram uma camada de ar com muito carbono preto a cerca de 3,5 km de altitude medindo por volta de 300 m de espessura. Eles puderam rastrear o carbono preto aos incêndios no sul da África. Quando essa camada de fumaça chegou ao litoral brasileiro, já havia diminuído consideravelmente. No entanto, ainda assim era visível a olho nu. As partículas de fuligem compunham 40% do número total de aerossóis. E elas estavam na atmosfera há pelo menos 10 dias. Quando a massa de ar poluído chegou à bacia amazônica, a camada afundou e se tornou mais ampla devido à forte mistura vertical de ar sobre o continente. Assim, as partículas de carbono preto são rapidamente arrastadas para a camada limite continental. A discreta camada poluída, que ainda fora preservada da costa, desapareceu rapidamente agora.
Os autores analisaram dados de longo prazo do ATTO e descobriram que essas camadas de ar poluído dos incêndios atingem a bacia amazônica sazonalmente a cada ano. De julho a setembro, o início da estação de secas, as queimadas de biomassa na África são responsáveis por grande parte da poluição do ar com carbono preto. Mais para frente, já no decorrer da estação de secas, de outubro a dezembro, os incêndios na América do Sul são a principal fonte de poluição do ar. Essas partículas de aerossol são núcleos de condensação de nuvens eficientes (isto é, sementes para formação de nuvens). Isso significa que essas queimadas provavelmente cumprem um papel importante no ciclo hidrológico da Amazônia.
Bruna Holanda e coautores publicaram o estudo Open Access em Atmospheric Chemistry and Physics Issue 20: Influx of African biomass burning aerosol during the Amazonian dry season through layered transatlantic transport of black carbon-rich smoke.
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Os bioaerossóis influenciam a dinâmica da biosfera abaixo deles. Em um novo estudo, Sylvia Mota de Oliveira e seus colegas usaram o local do ATTO para coletar amostras de ar a 300 m acima da floresta. Em seguida, eles usaram o sequenciamento de DNA para analisar os componentes biológicos presentes e descobrir a que espécies de plantas ou fungos eles pertencem. Uma das novas percepções mais impressionantes é o forte contraste entre a composição de espécies na atmosfera quase intocada da Amazônia em comparação com as áreas urbanas.
Ramsay et al. measured inorganic trace gases such as ammonia and nitric acid and aerosols in the dry season at ATTO. They are to serve as baseline values for their concentration and fluxes in the atmosphere and are a first step in deciphering exchange processes of inorganic trace gases between the Amazon rainforest and the atmosphere.
A fuligem e outros aerossóis da queima de biomassa podem influenciar o clima e a meteorologia regional e global. Lixia Liu e seus colegas estudaram como isso afeta a Bacia Amazônica durante a estação seca. Embora haja muitas interações diferentes entre os aerossóis da queima de biomassa e o clima, eles descobriram que em geral levam a menos e mais fracos eventos de chuva na floresta tropical amazônica.
Saturno et al. analisaram a concentração de carbono preto e castanho na atmosfera sobre a Amazónia. Verificaram que a estação seca é caracterizada por muitas queimadas de biomassa, que produzem muito carbono preto e castanho. Mas também soam a variações interanuais significativas. Os resultados foram publicados nos países ACP.
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